Vários jogadores estão saindo da Liga Árabe
Os milhões oferecidos pelos times internacionais já ajudaram a convencer craques a encarar o desconhecido futebol árabe. A promessa de bolso cheio é o principal argumento para atrair nomes como Cristiano Ronaldo, em um país de cultura tão diferente e uma competição sem projeção internacional.
Além do português, Neymar, Karim Benzema, Sadio Mané entre outros craques foram atraídos pelo projeto da Arábia Saudita de transformar o país em um polo esportivo mundial. Mas surge uma nova preocupação se os saudistas conseguirão sustentar.
De acordo com o Portal Terra, os sauditas gastaram mais de R$ 5 bilhões em contratações em 2023. Mas, no último mercado, apenas o brasileiro Renan Lodi, formado nas categorias de base do Athletico-PR e que atuará no Al-Hilal, pode ser considerado um reforço de peso. Ele já serviu a seleção brasileira.
Em contrapartida, grandes nomes ameaçam deixar a Arábia Saudita em uma debandada que poderia iniciar um declínio do país do Oriente Médio no futebol. O inglês Jordan Henderson, volante ex-Liverpool, ficou apenas seis meses no Al-Ettifaq e arrumou suas malas rumo ao futebol holandês, onde vestirá a camisa do tradicional Ajax. Sua passagem no torneio saudita foi meteórica.
Nova china?
Apesar das contratações de renome, a média de público nos jogos do Campeonato Saudita é baixa, com apenas 8,5 mil espectadores, um fator frequentemente apontado como motivo de insatisfação por parte dos jogadores. Além disso, há a preocupação com a dificuldade em manter uma sequência em suas carreiras nas seleções nacionais.
Comparativamente, o investimento significativo no futebol chinês na década passada gerou expectativas de contratações de estrelas, porém, essas expectativas não se concretizaram. Enquanto isso, clubes de países periféricos, como o Brasil, temiam perder seus atletas para a China. No entanto, apesar das diferenças entre os dois países, esse não é o fator determinante para o destino do futebol na Arábia Saudita.
Outra preocupação é a falta de profissionais bem preparados nos clubes, como médicos, fisiologistas, massagistas e roupeiros. Isso leva muitos jogadores a optarem por tratamentos em seus países de origem, como exemplificado por Neymar, que preferiu se recuperar de uma cirurgia no joelho esquerdo no Brasil.
Mas se engana quem acha que somente nesta década, jogadores procuram novos horizontes futebolístico. Em 1995, Marcelo Marmelo da Silva foi o pioneiro para muitos destes jogadores se aventurarem em ligas distantes. O atleta foi um dos primeiros a integrar a primeira leva de brasileiros na China, quando o país asiático estava apenas começando a se abrir para o futebol internacional.
Saiba quem foi o desbravador
Nessa época a aventura chinesa era movida a apenas alguns milhares de dólares. Eram tempos de desbravadores, como Marcelo Marmelo da Silva, meia que fez parte da primeira leva de brasileiros na China, em 1995, numa época diferente. O ex-jogador atuava no Bonsucesso, clube do interior do Rio de Janeiro.
Marmelo permaneceu oito temporadas no Sichuan Quanxing e conseguia lucrar até US$ 100 mil por ano. Mas, mais de duas décadas depois, as cifras são bem diferentes.
Oscar tem salários em torno de 24 milhões de euros por temporada. Uma quantia similar aos salários de jogadores como Kevin de Bruyne e Erling Haaland no Manchester City.
O atleta vive uma vida mais tranquila em Cabo Frio, interior do Rio de Janeiro, em entrevista ao UOL Esporte, revela ter orgulho de ter participado dessa incursão no mercado chinês. “Toda hora vem um amigo e fala: ‘se fosse hoje, como é que você estaria?’. Eu falo que cada um está na sua geração. Eles estão desfrutando o deles. Eu não esquento a cabeça”, afirma Marcelo Marmelo.